Senhores Cartolas: a elitização dos estádios é falta de caráter. E de inteligência também.
Passei anos rebatendo com veemência o argumento de que em breve teríamos crianças por aqui torcendo por Barcelona, Real Madri, Manchester, Paris Saint Germain e companhia. Como primeiro time. Primeiro e único.
O cenário desenhado sempre me pareceu uma aberração só. Creio que fazia sentido minha oposição a tal pensamento. Afinal, time do coração é uma das partes mais profundas de nossa identidade. Em muitos e provavelmente na maior parte dos casos, sinal de ancestralidade, traço indelével da alma. O que nos liga no sentido mais animal mas ao mesmo tempo mais humano aos nossos, o mais caro DNA.
Uma das primeiras de nossas memórias. Aquele primeiro lugar de nossas lembranças onde dividimos e compartilhamos uma paixão, onde unimos nosso grito por alguma causa, a dor e a delícia da estar vivendo junto pelas primeiras vezes o mesmo amor, as mesmas cores a unir pais, filhos e filhas num estádio.
Pois muito bem: se isso tudo ficou proibido, se isso tudo não pertencerá mais a geração que chega, se ir a um estádio não é mais possível para a imensa maioria, como isso vai se dar? Se torcer virou um programa diante da TV, como bem me disse um amigo morador de uma favela em sua sábia sentença (“estádio não é mais coisa pra gente”), dizíamos, pois muito bem…já que torcer é algo descoberto na tela da TV e não pelo cimento que constrói tal identidade, formado na subida da rampa ou da escada do estádio, por que não se irá torcer para quem é o melhor?
Se já não existe mais a emoção e o sentimento único de se sentir parte, de se sentir capaz de mudar o que está sendo jogado com seu grito, com seu xingamento, com seu aplauso, qual é a razão de torcer para aquele time que passa na TV que joga o futebol bem ruim que se joga nessa bandas hoje em dia e não pelo Barcelona, e não pelo ídolo do PSG? Se o jogo é melhor, a transmissão da TV é muito melhor, o ídolo está ali, o videogame tem aqueles times…Por que diabos aquela criança vai torcer pelo time que era do pai? Esse mesmo pai que não pode mais te levar ao estádio. E impotente diante da humilhante provação, provavelmente vai até incentivar que a prole prefira o lá de fora…
Envergonhado por não enxergar algo tão simples, me restou entregar os pontos e obviamente me render em tal discussão: em breve nem tão breve assim, um breve que já é agora, teremos sim barcelonistas, madridistas ou outro palavrão qualquer que você queira.
Essa conversa não termina aqui. Até agora falamos de identidade, alma, caráter. Coisas que obviamente nossos cartolas desconhecem e mostram total desprezo. O argumento é sempre a viabilidade do negócio, e o contrário disso é tratado com galhofa, como se quem é contra seja um bobo sonhador, um dinossauro que não entendeu que o mundo mudou. Mais triste ainda é ver as vítimas desse desprezo, aqueles que não podem mais ir se juntando a esses cartolas e defendendo que essa é a realidade. Aqui já entramos em outra categoria de pensamento e chegamos aquele velho barbudo, que alertou lá atrás ser “o modo de pensar de uma sociedade é o modo de pensar de quem a domina”.E isso tanto vale pro Brasil de hoje onde vemos o ferrado defender que tirem seus próprios direitos e aplaudir, como vale pro tão ferrado quanto que aplaude o cartola que executa tal política.
“vão entregando pouco a pouco o que gerações de apaixonados conquistaram: a identidade do mais querido”
Se já falamos acima e outras tantas vezes de identidade, alma, vale aqui também ir combater na área deles. Na seara em que eles adoram cagar uma regra, falar uma palavra difícil, uma outra citação em inglês, um “target”, um “branding”, um “ativação” e um não menos patético “budget”. Porque em sua maior parte são assim, ignorantes em português mas adorando uma citação meia boca da linguagem dos tecnocratas. Então joguemos no campo deles. É de negócio que estamos falando também, ok? Pra que parem de tratar quem é contra essa elitização escrota que destrói histórias e identidades como bobos românticos e fora do tempo. Falemos do negócio, travemos o combates nas sombras como vocês querem.
Pois os senhores estão também matando a galinha dos ovos de ouro do negócio a longo prazo, senhores cartolas. É claro que a nenhum desses interessa o longo prazo. Cada um deles tem uma planilha Excel na cabeça e só quer vomitar ela no fim do ano e mostrar o quão competentes são ao exibirem o balanço financeiro e o quanto foram brilhantes. Na definição de Mauro Cezar Pereira, que há anos é das poucas vozes dissonantes dessa elitização, são os “Zé Planilhas”.
E é óbvio que ninguém desconhece a importância do equilíbrio de contas. Mas desconhecer que no longo prazo a formação de novos públicos (é assim que vocês querem, tratar como consumidores e não torcedores, adiante) é que irá definir a cota da tv, o valor do patrocínio, e, em última análise, também a identidade de cada um, mostra que, além de mesquinhos e pequenos, os tais cartolas que defendem a elitização dos estádios são também péssimos homens de negócio. Porque a um homem de negócio compete também o pensamento estratégico, a próxima década, o próximo século.
E o pensamento estratégico só pode apontar para um caminho: o óbvio cuidado com a formação de novas gerações de torcedores, de novos apaixonados.
Tomando o caso do Flamengo como mais radical exemplo onde um clube genuinamente de massa, que construiu sua identidade em cima da marca de “o mais querido”, chegamos ao tamanho da aberração que se apresenta. A partir do momento em que a inseparável marca de “o mais querido” é deixada de lado em prol de uma planilha anual, estamos falando de uma visão obtusa de gestão de uma marca. Isso para ficar no campo dos tecnocratas do Excel, e não voltar no campo mais claro e que deveria contar: a história, as tradições e a identidade.
No precioso artigo “Arquibancada popular é parte do negócio futebol. Ou deveria ser”, de Tiago Cordeiro, que me foi enviado por amigo, no qual o autor, que se apresenta como “consultor digital” e usa com gosto os termos que os tecnocratas adoram, as explicações são cristalinas. Jogando no campo deles. Logo na abertura, o autor toca na ferida do quanto tal processo de extinção do torcedor que fez a história de um clube será fatal para o que virá:
“Dos termos mais desprezados no marketing esportivo, onde profissionais vivem entre clubes com demandas urgentes por dinheiro, está o branding. Também conhecido como “brand management” (gestão de marcas, em inglês) é a gestão da marca de uma empresa ou instituição: seu nome, as imagens ou ideias a ela associadas, incluindo slogans, símbolos, logos e outros elementos de identidade que a representam ou aos seus produtos e serviços. Este descaso explica não só o nosso ocaso com estádios vazios quanto a nossa falta de visão com a precificação de estádios, inclusive no debate a respeito”.
E segue com bem construída argumentação: “Para começo de conversa, ter uma arquibancada socialmente plural não é só uma questão de justiça social, mas de branding. Clubes como o Flamengo, por exemplo, assumem apelidos como “favela”, “urubu”, “mulambos”, que seriam pejorativos mas ganham uma conotação positiva. Afinal, por que todos os times de futebol querem ter a maior torcida mas não veem valor em terem todo tipo de torcedor no estádio”?
Na sequência, fala do quão pode ser bom pro “business” (aí, Zé Bumbuns, tou indo na linguagem que vocês adoram pra entenderem!) ter todo mundo incluído no bolo, atingir um público tão grande. “Quantas marcas e investidores não iriam querem participar de um negócio assim?
O tema remete a um Brasil recente, quando com séculos de atraso uma certa elite obtusa descobriu que a tal “classe C” era também potencialmente e imensamente consumidora. E que ter ela no jogo não era caridade, não era socialismo, era simplesmente bom pro negócio. Num país acostumado a relevar essa turma só pra empurrar o carro alegórico da fantasia alheia, foi um Deus nos acuda. E tome tentativa de, com séculos de atraso, achar que era preciso falar a língua desse novo consumidor. Mas depois de séculos de casa grande e senzala, claro que não sabiam. E nessa experimentação para chegar a esse consumidor e essa língua, vimos coisas patéticas. De novelas que acreditavam ser popularesca mas na verdade eram bizarras, a propagandas de estética ridícula, sempre com o velho sentimento de que o povo é incapaz de gostar do bom.
Pois no futebol nem chegamos a isso ainda. Décadas de atraso e obtusidade norteiam a opção pura e simples da exclusão de uma faixa de gente dos estádios. Só interessa aquele “cliente” que pode pagar a mensalidade. Dane-se que vá pelo ralo aquele que fez a história, aquele que definiu a marca e sua identidade. E dane-se o tal “cliente” do amanhã. Só o excel interessa. Gênios.
A obtusidade é tão grande que esses doutores se inspiram claramente em modelos exógenos (tá bom assim, almofadinhas e mauriçolas?). Importam modelos de gestão, de sócios-torcedores, de carnês, de alvejar um público. Não é possível que nessa conta não entrem variáveis como realidade economica distinta, cultura, e ainda, na área deles, modelo de negócio.
Tomando como exemplo a Premier League inglesa, como está na habitualmente costumeira bem feita abordagem de Marcos Alvito em “O Esporte que vendeu sua alma”, (Revista Piaui, 2007). Por lá trilharam todo esse caminho. Promoveram a mais canalha “higienização” dos estádios, valendo-se dos nosso agora conhecidos planos de sócio-torcedores, carnês, etc. Como toda ação tem reação, houve protesto. Boicote. O que fizeram os cartolas de lá? O mesmo que os daqui: andaram para os protestos, o boicote.
Com uma imensa diferença, o ponto de distinção que obviamente nossos cartolas não conseguem enxergar: como o modelo e a cultura é distinta, além da realidade econômica, diante dos protestos e do boicote, os dirigentes de lá, como dissemos, lavaram as mãos. É sujo, mas dentro da visão estritamente do negócio, podem lavar. Afinal, como diz Alvito, “acontece que o ‘Man U’, como é conhecido o time, tem dezenas de milhões de torcedores na China, no Japão, na Coréia. Ou seja, não é mais um clube, é uma multinacional do entretenimento esportivo”. Ou seja: lá, perdida a paixão dentro do país, uma legião de consumidores da Ásia, do Oriente ou do escambau irá sustentar.
Há também outra diferença básica, também não compreendida pelos cartolas daqui que sonham em repetir o modelo de lá. E é inacreditável não perceberem tamanha diferença. Desenha pra eles, por favor, Alvito: “Nove dos vinte clubes da primeira divisão têm proprietários estrangeiros. Inglês ou não, quase nenhum deles é verdadeiramente ligado ao futebol. São pessoas como um ex-cabeleireiro que fez fortuna como dono de cassinos (Birmingham City), um empresário islandês (West Ham), os herdeiros de um barão da indústria do aço (Blackburn Rovers), o dono da cadeia de restaurantes Planet Hollywood (Everton), um ex-primeiro-ministro da Tailândia investigado por corrupção (Manchester City), um milionário da indústria da carne e um peso pesado do mercado financeiro (Liverpool), um mal-afamado bilionário russo da indústria do petróleo (Chelsea) e o dono do Cleveland Browns, um time de futebol americano (Aston Villa)… O curioso é que os bilionários nem se importam em tomar prejuízo. Numa única temporada (2005-2006), o todo-poderoso Roman Abramovich, dono do Chelsea, perdeu 80 milhões de libras (320 milhões de reais)”.
A história tem um encontro marcado com esses Zé Planilhas. O lixo da história. Ficarão como os que destruíram um dos maiores traços de nossa identidade. Sob a conivência dos mesmos também, já se foi o Maracanã. Vai se esvaindo o futebol das tardes de domingo das multidões. No caso de um clube de massa, vão entregando pouco a pouco o que gerações de apaixonados conquistaram: a identidade do mais querido.
A tudo isso e a todos, sobra sempre a resistência. No mínimo, em nome daqueles nossos que construíram essa história de amor e paixão. Resta lembrar e botar em prática os ensinamentos do titã Antonio Maceo: “não entreguem de joelhos a pátria que seus pais conquistaram de pé”.
Que texto! Deu pra me sentir representado. Principalmente pela raiva que tenho dos termos em inglês.
O futebol começou como esporte das classes mais abastadas, posteriormente, popularizou-se e gerou muita revolta e desavenças entre os clubes, não só pela entrada de negros nos times, como querem fazer parecer grande parte da mídia, mas, e principalmente, pela profissionalização e, consequentemente, a massificação do futebol. Agora, parece que estão querendo devolvê-lo ao seu berço.
Curioso nesta história é que o Fluminense, tido e havido como o mais aristocrático dos clubes, é hoje o clube que pratica um dos menores preços de ingressos no Brasil.
Lucio, vc é bom demais. Faz muita falta no bate bola. SRN
Perfeito.
Lucio de Castro, texto perfeito como sempre.
Lúcio, infelizmente essa sua profecia já se concretiza nos bancos escolares. Sou professor e vejo crianças do primeiro ano do ensino fundamental discutirem sobre Barça ou Madrid. Em casos mais extremos nem mais dos times falam, mas sim de seus astros como Cristiano Ronaldo, Messi ou Ibrahimovich. Quando não é essa abominação que vejo em algumas classes também há aqueles meninos e meninas que simplesmente desprezam o futebol (e muitos deles o próprio esporte em geral) para falar do video game ou do novo ídolo youtuber. Times daqui de São Paulo já ficam em segundo, terceiro ou em nenhum plano entre os pequenos. Uma lástima conseguida com muito apuro e prazer pelos cartolas, redes de tv e políticos sanguessugas da nação que um dia foi chamada de “país do futebol”.
Caro colega. Também sou professor, na rede estadual do Rio e ontem (29/08/17) fui abordado por um aluno do primeiro ano me perguntando para que time eu torço “lá fora” falei que torço apenas pelo Flamengo e todos os alunos ficaram abismados: -como assim professor? Todos torcem para algum tipo lá fora.
Muitos já dizem torcer apenas para um clube e grande parte é “Barça” ou “madridista”. É algo que vem acontecendo a muito tempo. Mas o raciocínio é esse mesmo, ver apenas pela tv Barcelona ou Real Madrid ou Flamengo e Vasco da na mesma, e escolho o melhor. Futebol não se trata do melhor e sim das coisas que, nós amantes do futebol, e logicamente de um clube temos: paixão. Bem, ao final pedi para um dos alunos cantar uma música de arquibancada do Barcelona e a resposta que recebi foi: -Lá eles nao cantam, só aplaudem….
E isso não pode ser porque hoje se tem muito mais acesso para acompanhar o futebol de fora?!
Na minha época de criança eu nem sabia o que era liga dos campeões! Hoje em dia o acesso a internet, TV a cabo e a própria TV aberta passando esses jogos e sempre falando desses times fazem com que essa geração tenha essa ideia!
Muito obrigado Lucio de Castro e Mauro Cezar por fazerem isso pelo nosso futebol, ou seja, não deixá-lo morrer. Esse texto expõe certamente a minha opinião, mas infelizmente não a de quem comanda o futebol brasileiro.
Excelente, Lúcio.
Tristes trópicos. Onde, um dia, os geraldinos se esbaldavam, hoje, almofadinhas tiram “selfies”. E posam de europeus e afins.
Excelente texto. Você poderia fazer uma conexão com a atual dietriz das tv, que adotaram um modelo altamente concentrado nas distribuições das cotas. Ao fla, ao timao, mais um ou outro, tudo. O que pretendem? Descaracterizar ainda mais nosso futebol. A morte de clubes tradicionais, que muito mal administrados ratificam a postura da TV. Ou seja, um campeonato de dois ou três clubes fortes e os demais meros coadjuvantes. Qual a inteligência disso? Qual o destino final? O fim do futebol brasileiro, que hoje só é disputado nas telas do vídeo game, pois até os campos de pelada acabaram.
Bom dia. Li com atenção o texto acima e confesso que por algumas vezes dei razão ao autor, mas por outro lado tenho que admitir que não tem como negar que os tempos mudaram e quem insiste “parar no tempo”, corre o risco de ficar pra trás. Vejo tudo isso com preocupação mas convenhamos que o clube que mais tem tido problemas com o público em estádio é o Flamengo e não é porque os ingressos são os mais caros, pois temos outros clubes com ingressos elevados mas que conseguem ter ótimas médias de público. É da cultura do rubro negro discordar, boicotar, reclamar etc…O flamenguista cobra muito, exige bastante, mas na hora de chegar junto, onde estão? Onde estão os quarenta milhões que não se adequaram ainda ao ST, fazendo com que o mais querido amargasse uma colocação pífia no ranking? Por tudo isso, acho que se a diretoria reservasse um setor para preços populares, “talvez” a tal “Nação” se mobilize e volte a frequentar os estádios. Uma última observação: Já ouvi de vários atletas que é desestimulante jogar em estádios vazios. Então não adiante cobrarem resultados se não querem ajudar. Por anos a fio meu querido Flamengo sofreu com diretorias corruptas e ineficientes e agora, que a galera acostumou-se com a paz no clube, resolvem boicotá-lo tirando as forças de quem lá está nos representando (e muito bem) em campo e fora dele. De uma rubro negra distante, acompanhando de longe diariamente e com muito amor, tudo o que acontece ao mais querido.
Lucio, da mesma forma que vc, brilhantemente, explica como os Zé Ruela estão acabando com o prazer do gozo coletivo nos estádios, outra área de “novidades excludentes” me chama atenção faz tempo: é a letra miúda, fina, cinza e em fundo branco. Clean, pra usar o jargão dessa rapaziada. Nós , senhores de idade, que gostamos da escritura crítica e não fugimos de textos longos – desde que alinhavados ao nível do último gol da famosa Copa de 70, como você faz e muito bem – mereceríamos uma letra um pouco mais escura e, ou, grossinha. Não precisa ser uma falta do Moisés nos primeiros cinco minutos do jogo, mas pode ser mais forte e segura, talvez como um “chega pra lá” do Brito no Jairzinho, dois craques de diferentes características pessoais, que, ao seu modo, levantavam a galera. Essa modernidade estética, acredito, pode estar deixando muitos de nós, formadores de paixões clubísticas, outrora conhecidos como Arquibaldos e Geraldinos, um pouco afastados de suas opiniões, que também são as nossas. Don´t give up ! Abração.
Não tem como discordar do texto. Apenas um detalhe, existe sim “a emoção e o sentimento único de se sentir parte, de se sentir capaz de mudar o que está sendo jogado com seu grito, com seu xingamento, com seu aplauso” no torcedor de TV.
Felizmente vivenciei isso no sofá com o meu Pai e agora estou vivendo com os meus filhos no interior de Minas.
Sendo na verdade outro argumento para o texto, pois sempre queremos ver as arquibancadas lotadas, de povo, de se sentir representado pela multidão e pela diversidade.
Parabéns pela coragem, um tapa na cara desses cartolas, de pouca inteligência e sensibilidade insólita!
Simplesmente explica tudo…sem mais palavras…
Mais um detalhe. Criança não fica até meia noite para assistir futebol. Barcelona e Real, eles assistem à tarde.
Texto excelente, porém sou do Acre e esse fenômeno sempre foi vivênciado por aqui com relação aos times do sudeste especialmente RJ na década de 80 e SP na década de 90 até os dias atuais.
Só tem um detalhe, Lúcio: esse mesmo fenômeno sempre aconteceu no Brasil, com torcedores paraibanos, alagoanos, sergipanos, piauienses, tocantinenses, amazonenses, potiguares… enfim, torcedores de fora dos grandes centros que deixavam de apoiar clubes de seus estados pra torcer por clubes de fora. Isso inclusive irrita pernambucanos, baianos ou cearenses, que ficam irritados quando recebem algum time de fora e vêm torcedores de outros locais pra engrossar a torcida contra o time da casa. E quando esses torcedores se revoltavam, colocavam faixas reclamando, muito jornalista formador de opinião dizia que isso era deselegante, era falta de educação, ignorância, enfim… agora esse fenômeno migrou pra Europa e nós, enfim, estamos sentindo o que os estados “periféricos” do futebol brasileiro sempre sentiram. Mas esse é o caminho das coisas. Se antigamente o torcedor de parte do Nordeste queria torcer pelo time que via na TV, agora o garoto do Rio ou de SP quer torcer pelo time que vê com mais seguidores no Instagram, que tem a melhor fanpage do Facebook, que ele pode debater em fóruns de Internet… o futebol sempre andou junto com as mídias. Feliz ou infelizmente, é nessa direção que a bola rola. Acho triste? Acho. Mas não tem volta. Ficar remoendo e se lamentando sobre isso é viver apenas em função da nostalgia e deixar de acompanhar o fluxo.
Perfeito,genial.
Sou de Pouso Alegre, interior de Minas. Raramente vou ao Rio ver o Flamengo jogar. Não tenho condições financeiras para tal. Quinta, dia 07 de setembro irei. Tive que guardar dinheiro, tive que participar do sócio torcedor pro ingresso ficar mais barato, parcelar viagem de ônibus, etc…(serei eu o único pobre dentre os sessenta e poucos mil?). Sei que vou encontrar nas arquibancadas do new Maracana uma “Platéia” esbranquiçada na esmagadora maioria do estádio. E o Flamengo só é o que é hoje por causa do seu torcedor mais humilde, forjado na geral e na arquibancada de cimento, e no caso do meu pai e do meu, torcedores do interior do país, formados pelo rádio de pilha que mais chiava do que transmitia o jogo. A gente vai continuar Flamengo apesar de toda essa modernidade assassina, grotesca. Mas que saudade daquele passado… Meus filhos não viverão o que eu vivi e lamento por eles…Abraço Grande Lúcio!
Não sei o porquê dessa preocupação.
E os estados aonde os torcedores não possuem identidade com os clubes da sua cidade? Em Goiânia o primeiro time é o Flamengo/ São Paulo /Vasco/ Corinthians/ Palmeiras e depois o Goiás/ Vila ou Atl Go.
No Nordeste então Flamengo e Vasco disputam a liderança das torcidas.
Então qual o problema do sujeito torcer para clubes europeus?
Existe uma mesquinharia muito grande por parte dos dirigentes. No caso do Flamengo, por exemplo, como aceitar um estádio com 16 mil lugares (elitizados) para um time de 35 milhões de torcedores? E pior, como aceitar que em jogos importantes da PRIMEIRA DIVISÃO o clube não consiga enchê-lo? É uma vergonha o presidente Eduardo Bandeira (que até faz uma ótima gestão, se comparado aos outros dirigentes brasileiros, como Aidar, Patrícia Amorim e Vitório Píffero, por exemplo) excluir a massa flamenguista dos estádios!!
Meu caríssimo Lúcio de Castro, acabou agora Flamengo 1×1 Cruzeiro. Pela primeira vez em meus 60 anos de idade tive vergonha de ser Flamengo. Que porra de torcidinha de merda foi aquela? Só causou confusão e ficou calada os últimos 10 minutos de jogo! Esse Flamengo nutella pode ficar rico, ganhar todos os concursos de eficiência de gestão, comprar terreno, construir estádio, mas nunca vai ser o Flamengo que meu pai me contou, ensinou amar, e me levou pra ver até eu aprender seguir por conta própria. Não é o que eu ensinei a meus três filhos seguir. Não queremos a volta dos bandidos corruptos à diretoria mas precisamos que o Bandeira reveja, reconsidere, arranje uma brecha que seja de participação popular nos nossos jogos.
Estamos perdendo a mística, e pro Flamengo a mística é tudo.