Empresa de Kleber Leite envolvida no Fifagate tem offshore nas Bahamas
Envolvida no Fifagate e investigada por sua participação no escândalo, a Klefer, empresa de marketing que pertence a Kleber Leite, tem um braço no paraíso fiscal das Bahamas.
É o que revelam os dados obtidos pela reportagem através do “Bahamas Leaks”, investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) que revelou 175 mil offshores ali sediadas.
No Brasil, a Klefer Produções e Promoções foi aberta em 1983. Já sua parte caribenha tem registro em 10 de abril de 2010 como Klefer International Sports Marketing. No Brasil, a Klefer foi alvo de uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal em 27 de maio de 2015, em pedido da Justiça americana feito junto ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça do Brasil e autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação era parte do processo que corre nos Estados Unidos e investiga o escândalo de corrupção da Fifa.
A existência de uma offshore da Klefer nas Bahamas pode ter grande importância nas investigações e ajudar a mapear o caminho do dinheiro. A abertura da empresa no paraíso fiscal é em tempo próximo aos movimentos do enredo que envolveu Klefer, Traffic, CBF, Ricardo Teixeira, J. Hawilla e Kleber Leite em uma intensa disputa nos bastidores pelos direitos da Copa do Brasil, com acusações de subornos e golpes.
O “Bahamas Leaks” aponta que a Klefer usou como intermediária a MMG Bahamas. O uso de intermediárias é comum em abertura de offshores. Analisando o caso de empresas offshores de maneira geral, a Procuradora da República, Jerusa Viecili, afirmou que “a dupla camada em que se abre primeiro uma offshore e em seguida uma outra empresa, forma um esquema complexo muitas vezes para ocultar os donos do dinheiro”.
Ter uma offshore não é ilegal pela legislação brasileira, desde que declarada à Receita Federal, assim como seus bens e valores tributados. A Receita não responde a confirmações sobre uma empresa estar ou não declarada.
A reportagem entrou em contato com a Klefer para falar sobre a existência da empresa nas Bahamas e se está declarara na Receita Federal do Brasil. A Klefer, através de sua assessoria, respondeu que a empresa está declarada a Receita, “seguindo o que determina a legislação brasileira”.
As Bahamas não assinaram o acordo entre países da Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que prevê troca de informações através da Convenção Multilateral para Intercâmbio Internacional Tributário, com o intuito de combate aos crimes de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo internacional. A partir de janeiro, 103 países farão parte do acordo, facilitando o rastreamento de quem tem dinheiro ilegal no exterior. De acordo com a Receita Federal, brasileiros respondem por R$ 27,8 bilhões naquele país. Por estar fora do acordo, será considerado país de alto risco e sem transparência. No entendimento de especialistas da área, como alguém que tem algo a esconder.
Documentos da offshore nas Bahamas foram encontrados no cofre da empresa e apreendidosDe acordo com a apuração da reportagem, na operação realizada em 2015, na sede da Klefer, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, em conjunto com a presença de agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, documentos da offshore nas Bahamas foram encontrados no cofre da empresa e apreendidos.
Em outro momento da operação, que transcorreu sem maiores transtornos, um dos agentes de um dos órgãos envolvidos chegou a proferir as seguintes palavras para o empresário: “É possível que o senhor não venha a ser preso. Mas para um homem com seus recursos, não poder sair do Brasil é um imenso transtorno”.
Desde o início da ação na justiça americana, alguns dos eventuais envolvidos, como Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, não deixam o país, com temor de repetir o ocorrido com José Maria Marin, preso na Suíça em 2015 e extraditado posteriormente para os Estados Unidos, onde segue em prisão domiciliar.
O conflito é descrito na ação que corre nos Estados Unidos e foi detalhado em delação premiada por parte do empresário J. Hawilla. No processo (https://www.justice.gov/opa/file/450211/download), após investigação realizada pelo FBI, diversas evidências formaram um consenso entre os órgãos consultados pela reportagem, assim como também já foi mencionado na imprensa, de que o homem apontado como o “Co-Conspirador 6” é Kleber Leite, e a “Sports Marketing Company B” é a Klefer.
Na peça de 164 páginas, um trecho entre as páginas 70 e 71 descreve o “Escândalo CBF/Copa do Brasil”, detalhando como a Traffic, que deteve os direitos da competição anual entre 2000 e 2014, perdeu o contrato para a denominada “Sports Marketing B”, que iria de 2015 a 2022 e assinado em 8 de dezembro de 2011.
o “Co-Conspirador 6” é descrito como um “ex-funcionário da Traffic e dono da “Sports Marketing Company B”. Apenas Kleber Leite se encaixa em tal definição, tendo sido vice-presidente da Traffic nos anos 90 e sua Klefer tendo vencido a concorrência pelos direitos da Copa do Brasil entre 2015 e 2022 por R$ 128 milhões.
Rico em detalhes, o processo esmiúça detalhes do conflito que se seguiu entre a Traffic e a “Sports Marketing B”, esclarecendo que o caso se resolve com um acordo entre as duas para parceria na exploração. De acordo com a peça, “em 8 de dezembro de 2011, “Sports Marketing B”, uma concorrente da Traffic e de propriedade do “Co-Conspirador 6″, fecha um contrato com a CBF para compra dos direitos comerciais da Copa do Brasil entre os anos de 2015 e 2022”.
Embora negue envolvimento no caso Fifa, em nota publicada no mesmo dia da ação conjunta da PF/MPF no escritório da Klefer, o próprio Kleber Leite confirma acordo entre Klefer e Traffic sobre a Copa do Brasil para o novo contrato. E a data dada pelo próprio autor na nota é a mesma do processo da Fifa: 8 de dezembro.
A justiça americana descreve o caso com detalhes: “Para obter o contrato com a CBF, o “Co-Conspirador 6” concorda em pagar um suborno anual para o “Co-Conspirador 11”, como o “Co-Conspirador 2” fez no passado. Durante o curso das negociações, o “Co-Conspirador 6” viajou para os Estados Unidos para discutir o problema com o “Co-Conspirador 11”.
Os detalhes prosseguem na ação: “A assinatura do contrato entre “Sports Marketing Company B” e CBF levou a uma disputa entre “Co-Conspirador 6” e “Co-Conspirador 2”, que considerou que “Co-Conspirador 6″, seu ex-funcionário na Traffic Brasil, roubava seu negócio com a CBF”.Os detalhes prosseguem na ação: “A assinatura do contrato entre “Sports Marketing Company B” e CBF levou a uma disputa entre “Co-Conspirador 6” e “Co-Conspirador 2”, que considerou que “Co-Conspirador 6″, seu ex-funcionário na Traffic Brasil, roubava seu negócio com a CBF”.
Na sequencia, a ação prossegue descrevendo como se deu o conflito e o posterior acerto entre a empresa que chamam de “Sports Marketing Company B” e a Traffic, assim como os pagamentos de suborno posteriores para Ricardo Teixeira e depois para José Maria Marin com detalhes, sobre quantia, como se usou a rede bancária americana e datas.
Na página 22, a peça judicial americana inicia a descrição dos “Co-Conspiradores”. O número 2 é citado como o presidente da Traffic, não deixando muita margem para divergências sobre ser J. Hawilla. O “Co-Conspirador 11” é descrito com passagem por altos cargos da Fifa, Conmebol e CBF, descrição exata para Ricardo Teixeira.
A reportagem questionou Kleber Leite, através da assessoria da Klefer, sobre o consenso na identificação, desde o surgimento da ação, dele como sendo o “Co-Conspirador 6”. A empresa afirmou que “desconhecemos tal identificação e não comentamos assuntos pessoais de funcionários ou sócios da empresa”.
Em 7 de junho, Kleber Leite prestou depoimento na CPI da Máfia do Futebol, na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde negou todas as acusações e afirmou não ter entendido a operação em sua empresa. Na ocasião, confirmou que a Klefer ficou com os direitos de transmissão da Copa do Brasil, a partir de 2015, em vínculo que vai até 2022 e se defendeu das acusações de Hawilla, afirmando que a CBF precisou rescindir o contrato com a Traffic, empresa de Hawilla, e que isso teria irritado o empresário e o levado a vingança com as acusações.
Recentemente, o blog do jornalista Rodrigo Mattos, do UOL, revelou troca de e-mails entre Kleber Leite e Marco Polo Del Nero, contidos no relatório paralelo da CPI do Futebol, nos quais o empresário tentava convencer o cartola da CBF de que a Klefer intermediasse o contrato da Copa do Brasil com a TV Globo.
Pensei que não veria esses crapulas caírem um alívio assistir essa gente acossada .
Pelo que entendi o ex presidente do Flamengo também não tem viajado….
Será que um dia chegarão na Globo ? Será que os americanos tem culhão ?
Parabéns Lucio, BELA, Matéria. Olha, o Relatório Paralelo da CPI do Futebol, possui um conteúdo 100% de Provas Cabais. O Comitê de Ética da FIFA está repleto de Dossiês enviados, solicitando o imediato BANIMENTO de Marco Polo Del Nero e Seus Asseclas. Veja que interessante o Reinaldo Carneiro de Bastos, que recebe mensalões, e, repasses milionários, que acompanha o Marco Polo à anos, em manobra, começou a fazer críticas a gestão de Marco Polo. Aqui no Brasil, à PGR/MPF/LAVA JATO/PR-RJ, estão repletos de conteúdos solicitando OPERAÇÃO LAVA JATO NA CBF, JÁ! A Luta Continua. Futebol Brasileiro, Limpo, Transparente, Abertura da Caixa Preta Financeira da CBF, JÁ!
No Brasil ainda existe jornalista e imprensa de verdade. Parabéns!