Sócio de Ary Graça tem offshore no Panamá com intermediária na Suíça
Oex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ary Graça, atual presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), com sede na Suíça, é sócio de um dos citados no Panamá Papers. José Rodrigues Pinto consta na relação de empresas constituídas pela Mossak Fonseca como o proprietário da Celandine Assests Consultants, aberta em 5 de janeiro de 2015, no paraíso fiscal. A offshore, na qual Ary Graça não tem participação, tem uma intermediária em Genebra, na Suíça, a MVD Fiduciary Services, que presta o mesmo serviço de intermediação para 49 outras.
Ary Graça e José Rodrigues Pinto estão juntos em uma outra sociedade, aberta desde 2003, a Parque Imbetiba Empreendimentos Imobiliários, onde consta também o membro da Assembleia do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Alexandre Abeid, ex-diretor financeiro da instituição presidida por Carlos Arthur Nuzman. A sociedade de Ary Graça, José Rodrigues Pinto e Alexandre Abeid tem participação no Hotel Othon de Macaé. A presença do ex-mandatário da CBV na Parque Imbetiba é através da AGF Assessoria e Participações. Além dos três, são partes ainda Antônio Carlos Moreira da Silva e uma outra pessoa jurídica, a Raiar Participações, de Ciro Amaral Cassiano, do ramo de construtoras, e Roberta Cassiano Fraga.
O endereço de José Rodrigues Pinto nos Panama Papers é o mesmo no bairro de São Conrado que consta sendo dele na Junta Comercial do Rio de Janeiro nos arquivos do Parque Imbetiba Empreendimentos Imobiliários. Atuante no mercado financeiro, José Rodrigues Pinto é sócio também de Alexandre Abeid na Destak Participações e Serviços, além de terem sido sócios no Banco Garantia.
Ter uma offshore não é ilegal pela legislação brasileira, desde que declarada à Receita Federal, assim como seus bens e valores tributados. A Receita não responde a questionamentos sobre uma empresa estar ou não declarada.
O uso de intermediárias é comum em abertura de offshores. Analisando o caso de empresas offshores de maneira geral e não especificamente sobre a aqui retratada, durante uma operação da Lava Jato, a Procuradora da República, Jerusa Viecili, afirmou que “a dupla camada forma um esquema complexo muitas vezes para ocultar os donos do dinheiro”.
“Essa empresa não chegou a ser constituída “de fato”. Documentos mostram status de vigenteAtravés da assessoria de imprensa, a reportagem perguntou para Ary Graça se ele tinha conhecimento da offshore do sócio.
“O presidente Ary Graça tem conhecimento dos negócios nos quais é sócio, mas não de outros negócios particulares de seus sócios”, foi a resposta.
A reportagem entrou em contato com José Rodrigues Pinto a respeito da empresa constituída pela Mossak Fonseca, e onde, de acordo com os Panama Papers, consta o nome dele, em busca da confirmação se ela estaria registrada na Receita Federal do Brasil.
O sócio de Ary Graça afirmou que a empresa não chegou a ser constituída de fato, usando “de fato” entre aspas: “Essa empresa não chegou a ser constituída “de fato”. Não tem, nunca teve nem terá recursos, Morreu antes de nascer”.
Em contato com o equivalente a Junta Comercial do Panamá, a reportagem obteve documentos que mostram a empresa constituída, com status de “vigente” e capital de dez mil dólares.
Força Lúcio bola pra frente
Como é que a Receita Federal pode sonegar a informação de que uma empresa está ou não declarada, sabendo que esse tipo de manobra é muito utilizada para a sonegação de impostos e lavagem de dinheiro?
O contribuinte, aquele que realmente paga suas obrigações, não tem o direito de saber se está sendo lesado?