Mão torta: destino de R$ 30 milhões da gestão Ary Graça na CBV entre 2010 e 2013 é questionado em auditoria
Daria para pagar ao menos três anos dos custos totais de um time de maior investimento da Superliga. Ou cinquenta anos de salários de uma grande estrela da modalidade. Foram quase R$ 30 milhões pagos pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) especificamente a sete empresas entre os anos de 2010 e 2013. E de acordo com o termo utilizado em um relatório de auditoria da PWC, pagamentos classificados com “fragilidades de controles internos”. Como “adiantamentos realizados para empresas antes de sua constituição”, “pagamentos de comissões não previstas em contrato”, “emissão de notas sequenciais”, “pagamentos para parentes de acionistas das sete empresas”, “pagamento de comissão por contrato de patrocínio firmado antes da abertura” ou “pagamento de comissão após contrato firmado entre CBV e empresa”, entre outros.
Exatos R$ 28.253.240,00 (vinte e oito milhões, duzentos e cinquenta e três mil, duzentos e quarenta reais). É o que está no “Projeto Ace”, a peça da PWC, de circulação interna da CBV e a qual a reportagem teve acesso, produzida após a análise das contas depois da eclosão dos escândalos na entidade. O relatório apontou para contratos com sete empresas nos quais encontrou as tais “fragilidades de controle interno” descritas. Foram elas: S4G Planejamento e Marketing, S4G Gestão de Eventos e S4G Gestão de Negócios (todas de um mesmo dono); SMP Sports Marketing & Promotion e SMP Logística e Serviços (de um mesmo proprietário); Escritório de Advocacia Valmar Paes; Smiranda Eventos.
Vale registrar que o “Projeto Ace” analisou as contas e contratos da gestão Ary Graça (1997/2014) apenas entre os anos 2010 e 2013. Recente reportagem do jornal O Tempo (MG), relata que a tentativa de colaboração premiada do empresário Marcos Valério afirma que Ary Graça recebia dinheiro desviado do contrato do Banco do Brasil com a CBV, especialmente a partir de 2003. Em nota oficial, Ary Graça, atual presidente da FIVB, negou as afirmações constantes na afirmação de Marcos Valério, que aguarda homologação do Supremo Tribunal Federal.
Entre 2010 e 2013, o relatório da PWC aponta os seguintes fatos nas sete empresas citadas:
SMP Sports Marketing & Promotion e SMP Logística e Serviços-
Para as duas empresas SMP, foram R$ 8.877.407,00 (oito milhões, oitocentos e setenta e sete mil, quatrocentos e sete reais) nesse mesmo período (2010/2013), de acordo com a auditoria. A SMP Sports Marketing & Promotion (R$ 3.882.348,00) e a SMP Logística e Serviços (R$ 4.995.059,00). Ambas constituídas por Marcos Pina, que foi superintendente da CBV entre 1997 e 2000. Entre 2007 e 2011, foi responsável pelo site VôleiBrasil, ligado a CBV, e voltou como Superintendente Geral, “com status de CEO”, em 2013, como está no anúncio da entidade em 18 de setembro daquele ano. Tendo contratos da própria empresa em vigor. Em fevereiro de 2014, após as primeiras reportagens com denúncias, deixou o cargo.
Entre algumas das “fragilidades” nos pagamentos para as empresas SMP apontadas no relatório, está um “pagamento referente a serviços prestados de desenvolvimento de portal de entretenimento não previstos em contrato totalizando o montante de R$ 504.457,00”.
Chamou atenção dos auditores responsáveis também um contrato entre a CBV e a SMP no valor de R$ 1.469.527,00 (um milhão, quatrocentos e sessenta e nove reais, quinhentos e vinte sete reais). Referente a comissão pela assinatura de acordo entre a CBV e uma empresa de produtos de vestuário, paga em 26 parcelas (ver nota fiscal abaixo. Reportagem segue depois da imagem).
No entanto, ainda de acordo com o relatório, o contrato 1475 entre CBV e a empresa de vestuário foi assinado em 28 de novembro de 2008. E o “pagamento de comissão foi após contrato firmado entre CBV e empresa de vestuário”. Mais exatamente no dia 1º de dezembro de 2008. (Ver assinaturas e datas clicando na imagem abaixo. Reportagem segue depois da imagem).
As transações financeiras das empresas SMP Sports Marketing & Promotion e SMP Logística e Serviços também foram examinadas em um “Relatório de Inteligência Financeira-15458” (RIF), feito pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão da Receita Federal. Que constatou “movimentação de recursos incompatível”, de acordo com a análise. Enquadradas em “indícios de atipicidade” tais como: “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica, ocupação profissional ou capacidade financeira do cliente”, “recebimento de recursos com imediata compra de instrumentos para a realização de pagamentos ou de transferências a terceiros, sem justificativa”.
Já nas contas de pessoa física de Marcos Pina, alimentadas preferencialmente por depósitos das empresas SMP, o relatório do COAF fala em “realização de depósitos, saques, pedidos de provisionamento para saque ou qualquer outro instrumento de transferência de recursos em espécie que apresentem atipicidade em relação a atividade econômica do cliente”. E cita também “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica, ocupação profissional ou capacidade financeira do cliente”. Chamou atenção da Receita, entre outros movimentos, o saque de R$ 293 mil em espécie entre julho e dezembro de 2013. Saques em espécie em agência bancária no Posto 6, Copacabana, acima de R$ 100 mil, também estão relatadas e uma operação de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) em título de capitalização Itau Vida e Previdência em 27 de agosto de 2014, cuja anotação no RIF é: “Operação suspeita de acordo com a lei”.
SMiranda Eventos
O relatório cita a SMiranda Eventos, de Jorge Roberto Miranda, como uma das sete empresas entre as quais encontra “fragilidades de controles internos” em contratos com a CBV entre os anos de 2010 e 2013, durante a gestão de Ary Graça Filho. E aponta um total de R$ 1.429,665,00 (um milhão, quatrocentos e vinte e nove mil, seiscentos e sessenta e cinco reais) pagos para a empresa no período.
Entre eles, está a “concessão de adiantamento para a SMiranda sem contrato assinado”. No caso, R$ 60 mil, adiantados em 3 de abril de 2013, com prestação de contas em 10 de junho seguinte. Mas, de acordo com a auditoria, o contrato 1557 só viria a ser assinado em 1º de agosto de 2013, portanto quatro meses depois do contratante adiantar verba ao contratado. O relatório assinala ainda que é “importante ressaltar que a SMiranda foi sucessora da S4G na prestação de serviços de gestão para a CBV”.
Tal sucessão de empresas prestadoras de serviço já havia sido apontada em relatório da CGU. Quando os contratos da S4G são extintos, em 30/7/2013, em virtude dos conflitos internos gerados no momento em que os contratos assinados por Ary Graça vieram à tona, é a Smiranda que assina novos acordos com a CBV. De acordo com o relatório da CGU que mostrou os problemas da gestão da CBV, “imediatamente após a extinção dos contratos com a S4G Planejamento e Marketing e a S4G Gestão de Eventos em 30/7/2013, a CBV assinou em 1/8/2013, com vigência até 31/12/2013, contrato com a Smiranda Eventos ltda, cujo objeto é a prestação de serviço de gerenciamento, planejamento e produção dos grandes eventos do vôlei de quadra e praia no Brasil, ou seja, substituindo os serviços prestados pelas duas S4Gs.”.
Esse mesmo relatório da CGU aponta ainda que a Smiranda, em prestação de serviço para a CBV, subcontratou uma empresa que está em nome da mulher de Fábio Azevedo (da S4G,empresa a qual substituía depois dos contratos que vieram à tona) e do irmão do mesmo, aberta em 15/2/2012. A empresa do irmão e da mulher de Fábio Azevedo, da área gráfica, prestou serviço para a CBV subcontratada também pela própria S4G, de acordo com a CGU. No valor de R$ 928.261,13 (novecentos e vinte oito mil, duzentos e sessenta e um reais e treze centavos), somente no ano de 2013. E alerta ainda para a “emissão em notas sequenciais para a CBV” por parte da Smiranda.
A SMiranda também aparece no No RIF-15458 do COAF, acima citado. Como beneficiária de transferências por parte da S4G (R$ 46.579,59). Em outra situação, como no Convênio entre o Ministério do Esporte e a CBV, a Smiranda aparece na fase de tomada de preço comparando os valores com a mesma S4G de quem recebe transferências bancárias. E a reportagem encontrou, em e-mail anexado a processo judicial, a menção ao dono da Smiranda apresentado como funcionário da S4G no mesmo período em que concorria com ela na licitação do ministério. (Ver reportagem: http://agenciasportlight.com.br/index.php/2017/04/21/a-complexa-teia-da-familia-volei-e-seus-personagens-de-multiplas-faces/ ).
Escritório de Advocacia Valmar Paes
Retificações contratuais, ratificações e mudanças significativas no valor do acordo de um dia para o outro. As idas e vindas nos acordos entre a CBV e o escritório de advocacia de Valmar Paes, pai do prefeito do Rio de Janeiro (2009-2016) estão entre os sete prestadores de serviço apontados em “fragilidades” pelo relatório. Total de R$ 2.363.961,00 (Dois milhões, trezentos e sessenta e três mil, novecentos e sessenta e um reais) pagos para “prestação de serviços jurídicos relacionados a renovação de patrocínios”.
Com algumas curiosidades. Como o contrato 1455 entre as partes, assinado em 1º de novembro de 2011, que teria vigência por cinco anos, (1/12/2012 até 30/6/2017). Inicialmente, tendo valor de R$ 10 milhões, pagos em parcelas anuais de R$ 2 milhões. No mês seguinte, em 2/12, sem maiores explicações de causa, o valor do contrato é alterado, e de acordo com a auditoria, “foi emitida uma re-ratificação a este contrato, onde após o pagamento da parcela única de R$ 2 milhões (pago em 8/5/2012), o contrato passaria a ser rescindido”. A peça relata ainda outro fato: “notamos que o reconhecimento de firma da assinatura desta re-ratificação datada de 2/12/2011 foi feita em 30/7/2013”.
S4G Planejamento e Marketing, S4G Gestão de Eventos e S4G Gestão de Negócios
Foram R$ 15.492.208,00 (quinze milhões, quatrocentos e noventa e dois mil, duzentos e oito reais) pagos entre 2010 e 2013 apenas para as empresas de Fábio Azevedo, braço direito de Ary Graça, então mandatário da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), como foi mostrado em reportagem da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo em 27 de abril. Líquidos. Na composição desse montante, de acordo com relatório de auditoria da PWC, estão expostas diversas “fragilidades”. Na relação entre CBV e S4G foram apontadas, entre outras irregularidades: “adiantamentos realizados para as empresas S4G antes de sua constituição”, “pagamento de comissão por contrato de patrocínio firmado antes da abertura”, “pagamentos de comissões não previstas em contrato” e “emissão de notas sequenciais”.
O pagamento do valor acima se dividiu entre a S4G Planejamento e Marketing, S4G Gestão de Eventos e S4G Gestão de Negócios, todas de Fábio Azevedo. Com a justificativa da “realização de eventos, por comissões de patrocínios, sob a rubrica ‘outros serviços’, subcontratações, assessoria Banco do Brasil, eventos, comissões de patrocínios, comissões de sediamentos, congresso da FIVB e rescisões com a CBV”.
No relato da auditoria, no meio destes R$ 15,5 milhões pagos para a S4G em três anos, algumas operações merecem especial atenção, entre tantos itens abordados. Como os sete adiantamentos realizados para uma das S4G, no caso a S4G Gestão de Negócio, no valor total de R$ 544.324 (quinhentos e quarenta e quatro mil, trezentos e vinte quatro reais) feitos entre os dias 1/12/2010 e 5/4/2011, antes da constituição da empresa, datada de 12/4/2011. O relatório fala ainda que Carlos Manuel Duarte Abreu assinou como procurador dos contratos, mas que ele só possuía procuração vigente da CBV a partir de 4/6/2012. De acordo com relatório da CGU que abordou as transações da CBV, Carlos Manuel era funcionário da entidade, além de assinar as demonstrações contábeis da entidade. Foi ele o responsável por abrir três empresas em menos de três meses (10/9/2010 e 29/11/2010 – Salto, Figtree e Manguinhos) que viriam a se enfrentar em licitação de convênio entre CBV e Ministério do Esporte.
A auditoria da PWC mostra ainda uma ginástica de tempo feita entre a gestão de Ary Graça e a S4G: o “pagamento de comissão por contrato de patrocínio firmado antes da abertura da empresa”. Foi assim: a nota fiscal de número 31 da S4G Planejamento e Marketing anota o valor de R$ 129.697,60 (cento e vinte nove mil, seiscentos e noventa e sete reais e sessenta centavos) por “comissionamento sobre propriedades de bebida isotônica”.
A surpresa vem sem seguida no relatório: “No entanto, o acordo firmado entre a CBV e uma empresa da indústria alimentícia, detentora desta marca de bebida isotônica, se deu em 2009, com aditivo em 2010, e a S4G Planejamento e Marketing só foi criada no dia 12/4/2011”. Curiosamente, o contrato entre a CBV e a empresa do isotônico é assinado em 1/2/2009 por Fábio Azevedo, então dirigente da CBV. Que abre em 12/4/20111 a S4G Planejamento e Marketing, e emite nota pelo contrato que assinou dois anos antes na condição de diretor da CBV.
As peculiaridades das transações entre as empresas S4G e a gestão de Ary Graça não pararam por aí. A auditoria da PWC observou 33 (trinta e três) notas fiscais emitidas com pagamentos da entidade onde não encontrou os respectivos contratos. Como na nota 201310000000004, do dia 1/4/2013, no valor de R$ 116.627,00 (cento e dezesseis mil, seiscentos e vinte sete reais), descrita como pagamento por “planejamento e gerenciamento da Assembleia Geral Ordinária”.
A auditoria também não encontrou diversos contratos onde poderia confirmar o valor para certificar a correção do pagamento de comissão para a S4G. Entre eles deveriam estar os contratos ou “convênios de sediamento” entre CBV e as prefeituras de São Bernardo (SP), São Carlos (SP) e Uberlândia (MG).
A S4G foi apontada ainda pelo “Relatório de Inteligência Financeira” (RIF) 15458, feito pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão da Receita Federal por vultosos e seguidos “saques em espécie”, “movimentação incompatível”, além de”transferências para terceiros sem justificativa”. Que eram empresas de parentes e pessoas ligadas a entidade. Entre outros “indícios de atipicidade nas transações”.
Como mostrou reportagem da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo no dia 19/4, Fábio Azevedo, fiel escudeiro do então presidente da CBV e atual presidente da Federação Internacional de Vôlei e que segue com ele na condição de secretário-geral da FIVB, sacou mais de um milhão de reais em espécie na caixa de uma agência bancária em um período de seis meses no ano de 2012, ainda durante o mandato de Ary Graça. A conta tinha como fonte primordial depósitos da CBV. A movimentação fora de padrão chamou a atenção do COAF. O RIF-15458, que foi enviado do órgão da Receita Federal para o Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF).
As anormalidades descritas pelo órgão da Fazenda vão além: “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente” e “recebimento de recursos com imediata compra de instrumentos para a realização de pagamentos ou de transferências a terceiros, sem justificativa” também compõe a peça, cujas minúcias relacionam diretamente a S4G, empresa em que Azevedo consta como proprietário, e a CBV, esta como depositante absolutamente majoritária. Também existem registros de transferências para membros da diretoria da CBV, assim como para empresa de familiar de Ary Graça.
Outro lado:
SMP Sports Marketing & Promotion e SMP Logística e Serviços
A reportagem enviou três questões (abaixo) relativas aos dados obtidos no relatório de auditoria para Marcos Pina, sócio das duas empresas SMP.
1- O relatório de auditoria contratado pela CBV fala em fragilidades em pagamentos neste período com diferentes empresas. Dentre os quais, R$ 8.877.407, 00 (oito milhões, oitocentos e setenta e sete mil e quatrocentos e sete reais) pagos para a SMP Sports Marketing e Promotion e a SMP Logística e Serviços.
2- O mesmo relatório aponta celebração de contrato e pagamento de comissão por “viabilização de acordo comercial com empresa de produtos de vestuário após contrato firmado entre a CBV e esta empresa”.
3- Relatório de Inteligência Financeira do COAF (Receita Federal) apontam movimentações financeiras e realização de saques em espécies que apresentam atipicidade.
As respostas vieram em quatro e-mails de texto. Foram selecionados os trechos relativos aos questionamentos enviados e abaixo publicado da forma que foram enviados.
Respostas SMP
“O valor contratual recebido foi sobre serviços efetivamente prestados e com o devido sucesso. Foram meses e meses de negociação antes de se firmar o contrato. Inúmeros e-mails constantes nos autos comprovam o serviço. O Diretor de Mkt da Vulcabrás confirmou em juízo. A CBV tinha a responsabilidade ( Departamento jurídico ) de tornar contratuais os fatos verdadeiros ocorridos. Os serviços foram prestados e a SMP fazia juz às remunerações. O fato da data nunca me chamou a atenção nem dos advogados da CBV, mas considero o mais importante a verdade dos fatos. Se era dia 01 e colocaram 03 ( não sei ) não considero relevante.
No Contrato com a VULCABRÁS eu fui a pessoa que negociou todos os detalhes contratuais para melhorar a receita da CBV , tecla que eu defendia há anos pois as receitas não acompanhavam o belíssimo desempenho das seleções brasileiras. Meu objetivo era conseguir um incremento de um milhão e meio de reais em relação ao contrato da Olympikus. Isto foi conseguido com muita negociação e trabalho. Quando voltamos a conversa pra Vulcabrás ( Comprou a Olympikus ) já tínhamos um outro acordo ( carta de intenção ) assinado pelo Presidente da Alpargatas e o Dir de Mkt. Com este trunfo ficou muito mais fácil melhorarmos o acordo Vulcabrás , o que foi feito. A Comissão contratual continuou a mesma (20%) constante no contrato do Agente Comercial anterior. O serviço foi executado e foi ótimo pra CBV. O Diretor de MKT da Vulcabrás à época, compareceu à audiência , vindo de São Paulo, e prestou esses esclarecimentos. Disse que só falava comigo e sempre entendeu que eu representava a CBV. Está nos autos que qq um pode consultar”.
Sobre a parte financeira , informo que nunca trabalhei com dinheiro público , nunca fui gestor de convênios ou outras atividades que envolvessem dinheiro municipal, estadual ou federal. Entendo , como também um ex-ministro do TCU, que o dinheiro do BB é similar ao da Vulcabrás , Itaú ou outro patrocinador que não seja a Caixa. Numa concorrência entre Bancos o BB não tem seu dinheiro diferenciado apesar de estar sob vigilância do TCU em todas suas ações. Recebi o dinheiro honestamente por serviços efetivamente prestados e não tenho que dar satisfações sobre o que faço com ele, a não ser ( +/- ) pra minha esposa. As comissões da CBV eram historicas e não foram mexidas, nenhum prejuízo houve, somente melhorias.
Sobre o RIF-COAF: “o Bradesco sempre realizava um saque pra qualquer pagamento, transferência ou aplicação. O próprio Itaú faz também este procedimento. Quando tenho várias contas a pagar eles sacam o valor total e depois efetuam os pagamentos. Volto a dizer que o dinheiro era meu, fruto de serviços comprovados, e tenho livre arbítrio na sua utilização”.
Sobre a movimentação na minha conta Bradesco ( usava só pra receber dos contratos CBV – hj não sou cliente Bradesco ) esclareço que retirava com frequência as quantias contratuais para aplicações nos outros dois bancos que utilizo até hoje, BB e Itaú , inclusive algumas quantias maiores foram usadas para compra de dólares transferidos pelo BB e Itaú para suas agências em Miami, tudo perfeitamente claro mas nenhum saque perto dos 150 mil reais que a ex-presidente Dilma declarou ter em casa”.
Nota da redação: de acordo com o COAF, foram R$ 293 mil sacados em espécie entre julho e dezembro de 2013.
Smiranda Eventos:
1- O Relatório de Inteligência Financeiro do COAF fala em transferências da conta da S4G para a SMiranda, onde o senhor consta como sócio. Qual a razão para tal?
Resposta: “Não tive acesso ao relatório que você cita em seu questionamento, de modo que não posso verificar o valor citado e as “fragilidades ” que o mesmo questiona, mas no que se refere a ” adiantamento sem contrato assinado” me parece estranho pois somente a partir do contrato assinado entre a SMiranda e a CBV para a prestação de serviços no planejamento e produção dos eventos (já citado acima – de 01 agosto de 2013) é que ocorreram a quase totalidade dos pagamentos para os serviços realizados”.
2- Já o relatório da CGU fala que o senhor, através da SMiranda, passou a ser o substituto da S4G nos contratos com a S4G quando esta deixa de fornecer serviços para a CBV. O senhor não tinha vínculos com a S4G?
Resposta: “A partir de agosto de 2013 a CBV resolveu não mais contratar a S4G para seus serviços. Pelo conhecimento de nosso trabalho e constatada a necessidade de contar com a presença de empresa que substituísse em determinadas atividades a S4G para garantir o planejamento, gerenciamento e execução do intenso calendário de eventos previstos para o segundo semestre de 2013, os quais foram realizados, optou pela contratação da SMiranda, por se tratar de empresa que já atuava nesta área e com larga experiência na produção de eventos do voleibol e de outras modalidades. Cabendo ressaltar que a partir de 01 de agosto de 2013 a SMiranda não prestou mais nenhum serviço para a S4G. Especificamente para a S4G e em razão de sua questão, a SMiranda foi “subcontratada” para atuar no planejamento e produção dos eventos desportivos em que a S4G era a contratada principal. Tal procedimento é comum em grandes atividades, uma empresa obtém o contrato no total do projeto e repassa partes para inúmeros outros prestadores de serviços especializados para concluir com competência e nos prazos. Assim cada prestador recebe um valor pelo serviço realizado”.
Escritório de Advocacia Valmar Paes:
A reportagem enviou questões para o advogado Valmar Paes, sem resposta.
S4G:
Em abril, a Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo publicou reportagem em relação a parte do relatório que apontava o pagamento de R$ 15.492.208,00 (quinze milhões, quatrocentos e noventa e dois mil, duzentos e oito reais) pagos entre 2010 e 2013 para a S4G, a reportagem enviou questões a respeito do valor pago pela CBV entre 2010 e 2013 para a empresa e os respectivos serviços prestados. Respostas através da assessoria de imprensa:
Fábio Azevedo (S4G):
“No período em que prestou serviços para a CBV e para todos os demais clientes a S4G realizou os serviços contratados com a máxima qualidade e prazo. A empresa possuiu os relatórios de conformidade assinados não só pelos clientes mas também pelos patrocinadores de cada evento entregue. A cada um deles recebeu os valores devidos, emitiu Notas Fiscais e pagou todos os impostos de acordo com a legislação brasileira”.
Sobre o RIF (COAF)-
Fábio Azevedo:
“Em relação a seu pedido de respostas para as perguntas relacionadas ao citado relatório do Coaf devo dizer que o relatório não é de conhecimento do Fábio. O Coaf não o informou de nada e não solicitou qualquer esclarecimento. Dessa forma, não há como responder perguntas, extraídas de um documento que o órgão mencionado não enviou ou deu ciência de sua existência. Não tenha dúvidas de que acontecendo isso ele terá então as respostas.
Ary Graça:
“Durante toda a gestão do ex presidente da Confederação Brasileira de Vôlei todos os produtos e serviços contratados foram entregues em plena conformidade com a relação preço, prazo e qualidade estipulados. Foram ainda contabilizados, atestados e publicados anualmente em balanço, após aprovação por empresa de auditoria externa independente, Conselho Fiscal e Assembléia Geral da CBV. A publicação dos balanços foi feita com total transparência e deu conhecimento público a todas as operações da CBV. As comprovações podem, inclusive, ser evidenciadas pela documentação contábil da CBV e pelos diversos relatórios de entregas de cada um dos eventos a seus patrocinadores”.
RIF:
O presidente Ary Graça também não tem conhecimento do relatório mas a resposta a sua pergunta é não. Não haveria razão para que ele tivesse conhecimento de movimentação financeira interna da S4G ou qualquer outra empresa prestadora de serviços”.
CBV:
“Em relação às questões encaminhadas, tendo em vista que existem processos judiciais e administrativos em curso, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), considerando a estratégia jurídica para os casos, entende não ser conveniente no momento tratar do tema. A CBV reitera que tem colaborado com os órgãos fiscalizadores para o esclarecimento deste tema”.