“Irmãos”. Interceptações mostram intimidade de Nuzman e Edson Menezes. De acordo com o MPF, “integrantes da mesma organização criminosa”
Irmãos. Assim Edson Figueiredo Menezes, preso na manhã de hoje em desdobramento da Operação Lava Jato, e Carlos Arthur Nuzman se tratavam. Os dois foram apontados no pedido de prisão preventiva do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro como “integrantes da mesma organização criminosa”.
A peça do MPF-RJ mostra troca de mensagens dos dois combinando jantares e no tratamento fraternal em datas próximas a prisão do ex-presidente do COB, ocorrida em 5 de outubro de 2017. Em julho, agosto e setembro os dois se encontraram, por vezes na casa de Edson Figueiredo, outras na casa de Nuzman.
Edson Figueiredo foi o braço financeiro de Nuzman nos anos da gestão do ex-cartola no COB. Foi subchefe da delegação brasileira nos jogos de Atenas, 2004.
A missão olímpica chegou a atrasar um encontro do então presidente do Banco Prosper com Antônio Palocci, que era ministro do governo Lula. Desde o governo FHC, o banco Prosper foi beneficiado com aportes generosos do BNDES.
Em gravações realizadas a pedido do Ministério Público de São Paulo em 2004 e que foram para a CPI dos Bingos, ficaram registradas articulações entre os dois assessores para que Menezes e Palocci tivessem um encontro. As atribuições do dirigente no COB estavam atrapalhando o encontro, e os assessores reclamavam que “as coisas estavam paradas” em razão da estada de Menezes na Grécia por 40 dias. Em Atenas, Edson Menezes ocupou o cargo de “Subchefe de Missão” na delegação brasileira nas Olimpíadas de 2004.
Uma gravação do dia 8 de setembro registra a volta ao Brasil do banqueiro. “O Edson chegou da Grécia, ficou 40 dias, e algumas coisas ficaram truncadas”, conversam os assessores, que foram monitorados entre maio e setembro daquele ano. As Olimpíadas na Grécia foram entre os dias 13 e 29 de agosto de 2004. Em outro diálogo está dito que “o chefe quer falar direto com o Edson”. O encontro por fim aconteceu no dia 10 de outubro. Posteriormente, questionado sobre a razão do encontro, Palocci diria que recebeu Menezes no Ministério da Fazenda porque este comandava a Bolsa de Valores do Rio.
Edson Figueiredo Menezes, o Gigante, é investigado por pagamento de propina na venda da folha de pagamento dos servidores do Estado do Rio em 2011, na gestão do ex-governador Sérgio Cabral.
A venda ocorreu num leilão preparado por uma consultoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que subcontratou o Banco Prosper. Junto com a folha foi vendido também o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj). A venda ocorreu num leilão preparado por uma consultoria da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que subcontratou o Banco Prosper. Junto com a folha foi vendido também o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Berj).
Do núcleo mais próximo ao ex-presidente do COB, Edson Miranda foi Diretor Financeiro do Conselho Executivo e diretor estatutário. No Comitê Organizador Rio-2016, teve posição ainda maior: a 1ª Vice-Presidência do Conselho Diretor, abaixo apenas de Nuzman. Nas prestações de contas do COB ao Ministério do Esporte relativas aos convênios anteriores a 2012, Edson Menezes assina os balancetes da entidade na condição de diretor financeiro. Após a prisão de Nuzman, chegou a ser presidente do Comitê Rio-2016, que assumiu em outubro de 2017 e no qual já não ocupava cargo.
Na propina paga para Sérgio Cabral que causou a prisão de Edson Menezes, parte foi paga em vinhos caríssimos, hábito do ex-governador.