Empresário recebido por Pazuello para intermediar vacina já foi condenado por fraude em transação de importação
O general Pazuello abriu as portas do ministério da saúde para negociar importação de vacina com intermediário condenado por fraude em importações.
A World Brands, empresa de Santa Catarina citada na reportagem da Folha de São Paulo, consta na Receita Federal em nome de Jaime José Tomaselli.
O empresário foi condenado a pena de um ano, seis meses e vinte dias em 2016 em regime aberto, por falsidade ideológica exatamente por fraude em importação, como mostram apurações deste site.
O responsável pela empresa recebida pelo general Pazuello omitia o nome do verdadeiro importador através de declaração falsa em suas transações. Assim, de acordo com o que está na sentença, além da sonegação fiscal, conseguia em sua empresa driblar o cumprimento de medidas sanitárias, a impossibilidade de identificação da origem e o destino dos valores que circulam posteriormente no Brasil.
Esse último caso especificamente, é um dos caminhos para a lavagem de dinheiro.
Em reportagem publicada hoje, os repórteres Constanza Resende e Mateus Vargas, revelaram que no dia 11 de março, o então ministro da saúde, Eduardo Pazuello, prometeu a um grupo de intermediadores, citados como da World Brands, comprar 30 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac que foram formalmente oferecidas ao governo por quase o triplo do preço negociado pelo Instituto Butantan.
A negociação, em uma reunião fora da agenda oficial dentro do ministério em 11 de março, teve o seu desfecho registrado em um vídeo em que o general da ativa do Exército aparece ao lado de quatro pessoas que representariam a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior e que está em nome de Jaime José Tomaselli, condenado por fraude.
A proposta da World Brands, oferecia 30 milhões de doses da vacina do laboratório chinês Sinovac pelo preço unitário de US$ 28 a dose, com depósito de metade do valor total da compra (R$ 4,65 bilhões, considerando a cotação do dólar à época) até dois dias após a assinatura do contrato.
O governo brasileiro já havia anunciado, dois meses antes, a aquisição de 100 milhões de doses da Coronavac do Instituto Butatan, pelo preço de US$ 10 a dose. A demissão de Pazuello seria tornada pública por Bolsonaro quatro dias depois, em 15 de março.
Outro Lado: a reportagem ligou para Jaime José Tomaselli, na empresa World Brands. Foi comunicada que o empresário iria retornar a ligação depois e que estaria preparando um comunicado para a imprensa, mas não retornou.