Congresso americano cita hospedagens de Eduardo Bolsonaro em investigação sobre corrupção no governo Trump

As hospedagens de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos estão citadas em uma investigação realizada pelo congresso americano sobre corrupção no governo Trump.
O parlamento apura como o ex-presidente se beneficiou do cargo para ganhar dinheiro através de sua rede de hoteis. E alguns registros apontam que o deputado e filho do presidente Jair Bolsonaro é um dos 17 representantes, de 13 diferentes governos estrangeiros, que ficaram no Trump Hotel, na capital Washington, somente no ano de 2019, em um caso de conflito de interesses. De ambas as partes. Além das presenças nesta unidade, os trabalhos revelaram que um total de “24 diferentes governos estrangeiros gastaram dinheiro em diferentes empresas Trump: hoteis, torres de escritórios, campos de golfe e assim por diante”.

Realizada pelo “subcomitê de operações governamentais” e pelo “comitê de supervisão e reforma” da casa dos deputados, a investigação mostrou, além dos ganhos de Trump, um outro traço comum entre os hóspedes: alinhamento com a extrema-direita mundial. Representantes como Nigel Farage, político britânico e um dos grandes articuladores do Brexit, participantes da administração do ex-presidente filipino Rodrigo Duterte (2016 a 2022), conhecido pelo esquadrão da morte que comandou e também membros da embaixada da ditadura do Kuwait. Esses últimos, apenas no dia da festa nacional do país, 25 de fevereiro, fizeram gastos no hotel entre US$ 50.000 e US$ 60.000 (R$ 309.600,00) para celebração.
O documento do congresso americano analisado pela Agência Sportlight de Jornalismo, de sessão do dia 27 de junho de 2019, não dá maiores detalhes sobre a hospedagem de Eduardo Bolsonaro. A reportagem tentou contato com a assessoria do deputado para obter maiores informações, sem resposta até aqui.
Na relação de despesas do mandato do deputado no congresso brasileiro, não existe qualquer especificação para gastos de hospedagens naquele hotel. Enviamos questões sobre a forma de hospedagem e os eventuais conflitos de interesse: se foi pago pelo governo brasileiro, se usou o cartão corporativo do governo federal, se foi despesa pessoal ou ainda se foi convite de Donald Trump. Em caso de resposta, iremos acrescentar ao fim da reportagem, em “outro lado”.
No mesmo 2019 em que o congresso americano cita Eduardo Bolsonaro como hóspede de Trump, o presidente Jair Bolsonaro deu várias entrevistas informando que o filho iria ocupar o posto de embaixador na capital dos Estados Unidos. E que isso se deu após vários contatos onde Trump teria estreitado a relação com o deputado. Em outubro, diante de forte resistência e da possibilidade de não aprovação no senado, o governo brasileiro voltou atrás da indicação.
No último dia 29 de setembro, reportagem da Agência Pública revelou que nos últimos 5 anos, Eduardo Bolsonaro esteve reunido ao menos 77 vezes com representantes da direita americana. Uma delas tendo como palco o Trump Hotel, onde o ideólogo da extrema-direita Steve Bannon promoveu a exibição do filme “Jardim das Aflições”, sobre Olavo de Carvalho.
A investigação do congresso americano sobre Trump ter se beneficiado com pagamentos de outros países em sua rede de hoteis ocorre porque, de acordo com o Artigo 1 da constituição, na Cláusula de Emolumentos Estrangeiros, o presidente dos Estados Unidos não pode receber qualquer pagamento de outro governo estrangeiro ou mesmo presente que signifique o mesmo, salvo se tiver autorização do congresso.
Em pronunciamento na casa, o democrata Jamie Raskin ressaltou o ineditismo do caso. “Por mais de dois séculos não estivemos perto de ninguém criar um problema sob a Cláusula de Emolumentos Estrangeiros. Você sabe, havia presidentes que tinham selas para cavalos, que receberam um tapete persa. Todos eles vieram diretamente ao Congresso e disseram: posso ficar com isso ou não? E o Congresso disse, sim, você pode mantê-lo, ou não, é um valor um pouco demais. Agora, a história muda com a eleição presidencial de 2016 e a posse do presidente Trump, que tomou a decisão de não desfazer-se de qualquer de seus negócios”.
Na mesma sessão, os deputados apontam questão verificada no governo Trump semelhante a vivida no Brasil durante os anos Bolsonaro: o aparelhamento dos órgãos de investigação. E citam que foram convocados a fornecer documentos sobre o tema instituições como o OPM (United States Office of Personnel Management- agência independente do governo federal dos EUA que administra o serviço civil dos EUA), GSA (Administração de Serviços Gerais- agência independente do governo) e FBI.
“Estamos aqui porque o OPM, o FBI e a GSA não atenderam substancialmente à solicitação do comitê, de vários meses atrás, sobre documentos. Assistimos a uma espantosa falta de cooperação em toda a administração, em resposta a múltiplas investigações do Congresso. Para que este comitê forme sua importante missão de supervisão constitucional, devemos ter documentos e informações solicitados aos órgãos que, por sua vez, devem cooperação. Quando o comitê ou subcomitê envia uma solicitação de documentação ou de uma resposta por escrito, esperamos respostas e não que paralisem com táticas de ofuscamento”.
Donald Trump não se beneficiou em seu mandato diretamente apenas com recursos de governos estrangeiros.
Em 2020, The Washington Post informou que o governo gastou mais de US$ 2,5 milhões (R$ 13,2 mi) em empreendimentos de Trump enquanto ele esteve na Presidência. Com pagamentos vindos de várias agências do governo, em grande parte motivados pelas viagens presidenciais.
Na última semana, The New York Times revelou que o serviço secreto gastou US$ 1,4 milhão (R$ 7,39 milhões) nas propriedades de Trump desde 2017, ano em que ele assumiu a Presidência. Segundo o comitê do congresso, também responsável pela investigação, a contabilidade ainda está incompleta, porque não inclui gastos em propriedades do republicano fora dos EUA nas quais agentes muitas vezes acompanharam a família presidencial e porque os dados só vão até setembro de 2021.
Os registros forneceram novos detalhes sobre um esquema em que Trump efetivamente teria transformado o serviço secreto em cliente cativo usando suas propriedades centenas de vezes e cobrando do governo taxas muito acima do limite habitual.
O NYT cita ainda que a Organização Trump cobrou do serviço secreto até US$ 1.185 (R$ 6.258) por noite por quartos de hotel da rede do ex-presidente, muito acima de registros anteriores da tabela.
Anteriormente, a taxa mais alta de que se tinha notícia da Organização Trump cobrando do governo por um quarto de hotel havia sido de US$ 650 (R$ 3.432), por quartos em Mar-a-Lago, o clube de golfe do ex-presidente na Flórida.
Diante dos fatos, a deputada democrata Carolyn B. Maloney afirmou que “o que me incomoda, várias e várias vezes, é como eles mentem sobre essas coisas”.
A Agência Sportlight de Jornalismo também perguntou ao deputado Eduardo Bolsonaro sobre o valor das hospedagens, e, assim como as outras questões, o item segue sem resposta. Qualquer que seja a forma de pagamento, pública ou privada, é também um evidente desalinho com o discurso de austeridade e simplicidade que marca a família.

Em reportagem publicada no último dia 14, a Agência Sportlight de Jornalismo revelou que Daniel Barbosa Cid, irmão do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, investigado pela Polícia Federal por suspeitas de transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República, abriu uma empresa em Delaware no ano de 2020. O estado americano é considerado o paraíso fiscal mais sigiloso do mundo. Mauro Cid é investigado pela Polícia Federal por suspeitas de transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República. ( http://www.agenciasportlight.com.br )
Outro lado:
A reportagem enviou para a assessoria do deputado a série de questões descritas acima, sem resposta. Em caso de retorno, será atualizado aqui.
Bananinha vai morar na Papuda.
Se for pego lá, cumpre Pena em alguma prisão estadual de NY.
Se um Trump só faz essa roubalheira toda, e nos EUA, imagina a familicia toda no Brasil, Pr., Senador, Dep. Federal, Vereador do Rio…esse não, mais o caçula e a mamãe…